Só aos amantes
é permitido cantar o amor
com voz desafinada.
Sei-te senhor deste vórtice que me atormenta,
sei-te musgo verdejante nos campos da minha alma,
sei-te preclaro deste sentimento com que me vergo
a esse corpo rutilante que me faz pequena.
Laboriosa é esta alma farta de fadigas,
não me perguntes:
-Quem és senhora?
Que eu não sei nada.
E mesmo que soubesse , nada te diria,
do nada que sou me excluo por me sentir cansada .
A minha voz desafinada canta o amor do cimo,
nada tem de terreno, lascivo, ou de intermináveis loucuras.
Sou suor e sangue que derramo por onde sigo,
pertencente ao uivo do meu ventre a apelar ao mundo,
para que todas as vozes cantem comigo.
(eu)
Imagem-Merzbach