Há sempre um tempo qualquer
em que as palavras me fuzilam a alma
e assim caio em mares de água virgem
onde as conchas os búzios e as quilhas
do recuo das marés, me beijam os pés
e me elevam nas vagas dessas águas
Em que meu sangue se dilui adormecido.
Sigo no segredo dos mares
qual gigante cantado por Camões
consumo-me nas águas límpidas das canções
de ninfas desabrochando em botões de rosa.
Filhas de Zeus nesses mares secretos
ondulam-me o peito em cantares de amor
Soam ecos de palavras consumidas na boca
sem saber se este calor que de mim brota
é poesia ou poema escrito nos desertos
Desta alma que se desalma como louca.
Agarro-a sem saber se me pertence
não quero perder a alma antes de morrer
nem sequer deixar palavras por escrever
mesmo fuzilada em mares de amores.
(eu)
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