terça-feira, 3 de julho de 2012

Dias em que as Estrelas se Apagam



Pesa-me o corpo, 
Pesam-me as pálpebras
Já cansadas duma quietude tumultuosa 
E do silêncio que me persegue 
Sem conseguir encontrar um enigma 
Ou tão somente um fonema
Donde surgirá o meu último poema 

Arrefeceu-me a alma
E os sonhos que me restam
Nem sempre são suficientes 
Nem sempre são eficazes para darem 
Expressão à palavra escrita

Sobejam-me tantos sentimentos! 
Sobejam-me olhos,sobejam-me dedos 
Tudo me sobeja...
Excepto os dias em que o sol me acariciava as mãos
Em que as estrelas me visitavam
E dentro de mim crescia luz
Como um filho amadurecendo no ventre materno.

Tive o universo inteiro em minhas mãos
Quiseram os deuses entregar-me os enigmas 
Mais indecifráveis de toda a existência humana
Pus à prova o meu raciocínio lógico 
Esquecendo as teorias quânticas imperceptíveis
Aos olhos mais sábios e experientes.

Senti crescerem-me no ventre 
As rosas que me foram prometidas 
No dia em que me fragmentei em pedaços 
Da minha própria existência. 
Nelas depositei a esperança dos meus dias
Delas fiz o orgulho dos meus olhos
E desenhei um jardim onde as estrelas desciam
Nas noites em que dançavam só para mim.

E depois em espirais de luz regressavam
E nas minhas mãos deixavam toda a poesia do universo.

Utópico ou não, o poema nascia 
E o sonho crescia dentro de mim.

Ainda não sei porque razão
As estrelas se apagaram...

(eu)

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