quinta-feira, 28 de junho de 2012

O Último Poema



São tão somente dois olhos
Equidistantes dessa linha que teima
Atravessar-me o pensamento:
[Este poderia ser aquele momento
Em que me surgisse o último poema].

Ergo o verbo bem alto em minhas mãos,
Nelas seguro teu olhar ainda por descrever
Um nó aperta-me a garganta na ânsia 
De te sentir ultrapassar o horizonte de eventos
Destas pupilas negras que te querem sugar a alma.

Queria eu no meu último poema
Dizer-te quão incólume permanece este amor
Onde desenhaste jardins aromatizados de flores.
Dizer-te que minhas pupilas se dilatavam
Num convite implícito para decifrares o código
Das conchas e das quilhas que permaneceram
Em cada recuo das marés altas cheias de vida.

Tiveste medo! 
Não quiseste sentir-te absorver 
Cada vez que quis guardar-te 
No homizio da minha existência.

E porque se aproxima o fenecimento do verbo
Deixo-te o código de duas estrelas 
Outrora habitando o infinito 
Em expansão constante:
Olha para estes olhos que clamam por ti
E conseguirás decifrar o enigma do amor.
Aí sim! 
Terás a certeza da infinitude de todas as coisas.

(eu)

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